Na semana passada por razão da aceitação por parte do presidente da Câmara dos Deputados do pedido de abertura de processo de Impeachment, o mercado respondeu em queda. Isso seria um sinal de que o mercado refletiu de forma positiva o assunto?
Não.
É importante saber diferenciar movimento de mercado com interpretação econômica, em quanto o tema é a economia os problemas permanecem, o desemprego aumenta, um cenário de depressão se desenha no horizonte em uma economia de baixíssima produtividade. As incertezas politicas deflagraram um sentimento de preocupação há muito não visto no país.
E quando percebemos isso? Quando observamos que o empresário segura os projetos por não ter certeza do retorno do investimento. Desemprego gera retração no consumo, gera um aumento no uso da poupança para complemento do custeio das despesas ou mesmo para a migração em operações mais rentáveis.
Já no mercado financeiro o movimento é outro, tem sim componentes especulativos que fazem existir oscilações, e com base nessa afirmação na quinta (03/12) passada a sanha do mercado iniciou em queda, desenhando um ambiente de emoções grandes que não permite a participação de corações fracos.
E como é esse desenho?
Vamos lá a uma ordem cronológica para este prólogo.
Até a quarta-feira, (2/11), à tarde, a grande expectativa era com a ata do Copom, que poderia dar novas pistas sobre a política monetária após a decisão dividida do Bando Central na semana passada.
Porém, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de aceitar o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff pegou todos de surpresa. Como parte do mercado vê a saída da presidente como forma de resolver o impasse político e econômico que perdurou ao longo deste ano no país, os ativos brasileiros avançam neste início de pregão, alguns operadores, porém, acreditam que esse seria um movimento de curto prazo.
Afirmações como estas permearam a semana que passou:
“A falta de avanços na questão do ajuste fiscal e os riscos políticos inerentes ao processo de impeachment carregam significativos riscos de baixa”, diz relatório assinado pelo economista João Pedro Ribeiro.
“Nossa primeira reação é de que esse evento vai trazer mais volatilidade e incerteza, em vez de aliviar os receios dos mercados”, disse o Barclays em relatório enviado na noite de quarta.
Pela manhã também da quarta, para ajudar, o IBGE informou que a produção industrial caiu 0,7% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal.
O resultado veio dentro do intervalo de expectativas dos analistas de 45 instituições ouvidas pelo AE Projeções, que esperavam desde queda de 1,36% a avanço de 0,60%, com mediana de negativa em 0,10%. Em relação a outubro de 2014, a produção caiu 11,2%.
Nesta comparação, sem ajuste, as estimativas variavam desde queda de 11,70% a retração de 9,30%, com mediana negativa de 10,30%. No ano, a produção da indústria acumula queda de 7,8% até outubro.
O que podemos observar é de que o mercado acredita que no curto prazo as percepções e resultados seriam parecidos e em algum momento no futuro esse cenário de descolaria. O que esperamos mesmo é de um reconhecimento oficial por parte do governo quanto à seriedade da situação, apresentando então soluções de curto médio e longo prazo. O mercado agradece.
Abertura de impeachment pesa sobre o dólar
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